A primeira etapa, 09 e 10/05/2015, foi iniciada em Diamantina onde pegamos os nossos passaportes e junto com eles a incerteza e frio na barriga de se começar um desafio. Mas a motivação era grande, assim como o desejo de conhecer essas terras mineiras ricas em histórias e beleza.

Antes, porém, de chegarmos em São Gonçalo do Rio das Pedras, conhecemos o desafio de Vau que fora recompensado por paisagens pra lá de bonitas. Chegando em São Gonçalo do Rio das Pedras, conhecemos o Diego filho do Sr. Ademil que pessoa simpática e quanta alegria em nos receber e servir um lanche para continuarmos nossa pedalada. Antes de partir, registramos nossa passagem com carimbo em nossos passaportes e fotos para um dia deixarmos com o Sr. Ademil.
No trajeto entre São Gonçalo do Rio das Pedras e Serro tivemos a grata alegria de conhecer o povoado de Milho Verde. Durante todo o trajeto a serra do Espinhaço era nossa companheira e não nos deixou nunca esquecer que estamos no mar de montanhas de Minas Gerais. Fizemos uma pequena parada na Pousada Mariana para descanso, repor as energias e água além de carimbar nossos passaportes.
Como passar pelo Serro e não comprar um queijo? Devidamente carimbados fomos rumo a Alvorada de Minas, entretanto um erro nos fez perder a passagem por essa cidade, infelizmente. Mas após entendermos o erro que cometemos, fomos rumo a Itapanhoacanga. Eita nome difícil de falar sem ser silabicamente!
Em Itapanhoacanga pegamos mexerica direto do pé, nos refrescamos um pouco, descansamos e partimos para Santo Antônio do Norte (Tapera).
Em Tapera ao procurar o local para carimbar nossos passaportes, como já havia passado das 15h, pensamos que não conseguiríamos um almoço. Ledo engano. Na Pousada Semião conseguimos um almoço típico da culinária mineira, feita em fogão à lenha e com muita fartura. Deu tempo até para um pequeno cochilo enquanto o almoço ficava pronto.
Recomposições realizadas, seguimos rumo a Conceição do Mato Dentro. Já estávamos cansados e a noite foi chegando e com ela o frio, mas não poderíamos parar uma vez que o objetivo ainda estava longe.
Antes de chegarmos à Conceição do Mato Dentro, passamos pelo pequeno e agradável povoado de Córregos. Mais um tempo para ouvir histórias dos moradores locais, refrescarmos e descansarmos um pouco além, é claro, de tirarmos algumas fotos.
Fomos pedalar um pouco mais, afinal Conceição do Mato Dentro é logo ali. Sim é perto, mas o cansaço já tomava conta de todos nós.
Aos poucos os casarões e as igrejas do povoado foram ficando distantes e a vontade de chegar em Conceição do Mato Dentro aumentava, assim com aumentavam as dores e o cansaço. Por fim, chegamos pouco antes das 20h e ao pararmos na pousada do Lago não conseguimos realizar o carimbo que finalizaria com chave de ouro nossa primeira etapa.
A segunda etapa foi realizada nos dias 13 e 14 de Junho de 2015. Saímos de BH por volta das 2:30 da manhã rumo à Conceição do Mato Dentro, onde começamos a pedalar rumo a Morro do Pilar.
O bom desse desafio é que cada cidade "conquistada" é uma vitória à parte e uma história a mais na nossa coleção.
Entre Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar encontramos com vários grupos à cavalo indo para uma festa em Conceição do Mato Dentro. Cavalgada, segundo aqueles com os quais paramos e conversamos pelo caminho.
Em uma dessas paradas conhecemos o Sr. Geraldo que nos contou a sua história e disse estar ali para vender bebidas e comidas para o cavaleiros e amazonas que se dirigiam para a Cavalgada em Conceição do Mato Dentro.
À certa altura da conversa o sr. Geraldo nos serviu algumas doses de pinga, para poder dar forças nas subidas que ainda teríamos pela frente. Como somos bem educados não fizemos desfeitas para com o sr. Geraldo.
A conversa estava boa, mas não podíamos ficar mais, uma vez que até chegarmos em Itambé do Mato Dentro ainda tinha muita pedalada a ser realizada.
Partimos rumo à Morro do Pilar, afinal cicloviagem é realizada de pouco à pouco. Foram muitas subidas e escaladas até chegarmos em Morro do Pilar, onde fizemos um aparada para o almoço e um breve descanso.
Ao menor das esperas eis que surge a noite e que noite linda com a qual formos brindados. Não resistimos, tivemos que parar em um determinado local e desligar todas as luzes que se encontravam conosco. O iluminar das estrelas era um espetáculo à parte e como a noite estava sem lua, as estrelas estavam majestosamente reinando no firmamento.
Assim que o encanto passou e a lucidez voltou, continuamos a pedalar. Afinal de contas não poderíamos passar a noite ali, apesar da vontade ser grande e gritante.
Aos poucos fomos avistando as luzes da pequena e aconchegante Itambé do Mato Dentro. Quanto mais perto, mais o cansaço nos assolava e a vontade de chegar crescia. Algumas pernas já não respondiam ao controle do corpo, mas a vontade e desejo de superação falaram muito alto e chegamos em Itambé do Mato Dentro às 19:48.
Partimos após o café, pedalando com dificuldade devido ao frio que fazia as juntas do corpo doerem. Mas a estrada real é sempre cheia de surpresas e de cara ao conseguimos ver por sobre a neblina nos deparamos com uma montanha para subir e dessa forma o corpo aqueceu.
Fizemos uma breve parada para retirada dos agasalhos que se tornaram supérfluos e continuamos a pedalar rumo à Ipoema, entretanto antes de Ipoema tem a singela Senhora do Carmo.
As belezas que a natureza nos reservou nesse caminho eram tremendas e a vontade de ficar apenas registrando em fotografias era maior que o desejo de chegar em Ipoema. O caminho ora asfaltado ora terra é um encanto e a vegetação, bem como o mar de Minas (Mar de Montanhas) nos enxiam os olhos e ludibriavam a alma. Como é bom respirar esse ar puro das montanhas!
Chegamos em Senhora do Carmo, fizemos uma pausa para descanso, um breve lanche e reagruparmos os ciclistas.
Assim que todos chegaram e se refrescaram, partimos e já de cara nos deparamos com uma montanha a ser escalada. Nesse momento voltam várias brincadeiras entre os ciclistas e muitas vezes a vontade de parar para rir é quase insuportável e não nos deixa pedalar para subir as montanhas.
Em vários locais realizávamos paradas estratégicas para retirada de fotografias e descansar. Nesse trajeto, podemos afirmar que várias fotos foram tiradas e vários momentos de descansos e realinhamento foram realizados.
O mar de montanhas de Minas Gerais ficava mais evidente e bonito a cada curva da Estrada Real, a vontade de continuar aumentava e junto com essa vontade, aumentava também o desejo de conhecer mais essa parte da história de Minas e do Brasil que por muitos já foi esquecida.
Ao chegarmos em Ipoema, fomos fazer um breve descanso e em seguida aproveitamos para almoçar. Como ainda tínhamos tempo, fomos conhecer o Museu do Tropeiro.
O Museu do Tropeiro é uma capítulo à parte da Estrada Real, quanta história naquele local? Quantas ferramentas e utensílios para serem vistos e conhecidos? Vestimentas, agasalhos, etc. tudo muito rústico e que tiveram suas funções e objetivos naquela época.
No museu do Tropeiro conhecemos a Marli, uma pessoa muito simpática, carismática e que demonstrou maior prazer em nos mostrar toda a história contida naquele lugar magnífico. Eu relatei à ela que meu avó paterno era tropeiro de porcos e ela fez questão de me mostrar uma parte do museu dedicada à esse tipo de atividade.
Por mim eu ficaria horas e horas naquele local, lendo e ouvindo histórias e conhecendo um pouco mais da história desse estado que eu tive a benção de nascer. O orgulho de ser mineiro é resgatado a cada pedaço da nossa história que foi e é resgatado por essas cidades, vilas, povoados e lugarejos pelos quais passamos.
Hora de partir, pois ainda temos 13 quilômetros até Bom Jesus do Amparo. Sim, são 13 quilômetros de asfalto, mas as pernas já estavam doloridas e o desgaste físico te faz pensar em desistir.

Paramos próximo à prefeitura municipal e à igreja pequena, singela e muito simpática. Não há como deixar de entrar e fazer uma oração em agradecimento àqueles dois dias de esforços e recompensas entre Conceição do Mato Dentro e Bom Jesus do Amparo.
Em Bom Jesus conhecemos o guia local, Fernando Gonçalves, que se tornou um amigo particular. Ele nos contou muito sobre a estrada real, sobre sua cidade e muitas outras cidades que já passamos e que ainda passaremos. A alegria nos olhos do Fernando era algo comovente, a alegria dele em ver que estávamos ali que havíamos conseguido finalizar esse objetivo.
A ansiedade pela terceira etapa já começara enquanto guardávamos as bikes na van e esperávamos para partirmos rumo à BH.
A terceira e última etapa do Caminho dos Diamantes começou no dia 04 e finalizou no dia 05 de Julho de 2015.
Partimos de Bom Jesus do Amparo em direção à Cocais, foram 25 quilômetros realizados por meio a uma floresta de eucaliptos que nos proporcionou bons momentos de sombra. Esse trajeto foi realizado de forma relativamente fácil, em um dia cujo o sol demorou a apontar. Boa parte do trajeto fizemos com cerração baixa.

Após um tempo para verificação das planilhas e decidirmos para onde iríamos, tomamos rumo à Barão de Cocais, agora já com o sol mais forte e brilhante no firmamento.
No trajeto rumo à Barão de Cocais continuamos passando por florestas de eucaliptos e o cheiro de pureza era algo que tomava conta do ar, fazia com que sentíssemos vontade de estar ali por muito e muito tempo.
Aos poucos fomos nos aproximando de Barão de Cocais, onde almoçamos e após um breve descanso partimos rumo à Santa Bárbara.
Ao chegarmos em Santa Bárbara formos recepcionados pelo poeta local Viko Gomide, mais um dos personagens da Estrada Real que ficará em nossas lembranças. Ele fez questão de recitar alguns de seus poemas e nos ofereceu vinho de jaboticaba.
Ficamos um tempo conversando com o poeta, rimos e nos divertimos muito com suas histórias e estórias. Após um curto tempo para apreciarmos suas obras, pegamos o caminho rumo à Catas Altas.
No caminho entre Santa Bárbara e Catas Altas não há como não ficar admirado com a imponência da Serra do Caraça que vai se agigantando à nossa frente enquanto avançávamos na trilha que passamos por um pasto.
A Serra do Caraça vai ficando cada vez mais gigante à nossa frente e nos chama tanto a atenção que é fácil se descuidar da trilha e ir ao chão, o que aconteceu com um de nossos companheiros (sem danos).
Após o povoado de Cubas e quase chegando em Catas Altas, nos deparamos com o Bicame de Pedra que é a ruína de um aqueduto que abastecia de água as fazendas da região.
A noite foi chegando e com ela fomos pedalando um pouco mais forte para chegarmos em Catas Altas, onde pousaríamos essa noite para chegarmos em Ouro Preto no dia seguinte.

Chegamos à matriz de Catas Altas e fomos até o La Viola realizar o carimbo nos passaportes, para então irmos para a Pousada Casa de Pietá onde fomos recepcionados com muito carinho pelo Sidnei e Edyanne.
Após tomarmos banho, fomos para o jantar com direito a churrasco e vinho. Ficamos conversando durante algum tempo, até que o sono não nos permitisse mais. Fomos dormir para aguentarmos mais um dia de pedalada para, assim, chegarmos em Ouro Preto e finalizarmos o Caminho dos Diamantes.
Nosso último dia pelo Caminho dos Diamantes começou com um café da manhã reforçado e temperatura muito fria.
Começamos a pedalar sentido à Santa Rita Durão, mas antes passamos pelo povoado de Morro das Águas Quentes. Como foi impressionante ver as várias facetas que a Serra do Caraça nos apresentava curva após curva daquele trajeto curto e muito atrativo.
Ao passarmos pelo povoado de Morro das Águas Quentes vários morados nos cumprimentavam e nos convidavam para um café, mas o dia estava apenas começando e tínhamos que otimizar nosso tempo, uma vez que nos atrasamos na saída.
Após o povoado, há uma subida de montanhas em que a Serra do Caraça nos acompanhava majestosa e muito gigante.
Saindo do asfalto pegamos novamente a estrada de terra que nos levou até Santa Rita Durão, local onde tiramos os agasalhos, fizemos um breve lanche e partimos rumo à Camargos. Como é bom ver os olhos curiosos e amigos dos moradores dessas cidades! Vai saber o que se passa na cabeça deles. Na verdade devem pensar: "Que turma de doidos!" ou quem sabe "Que falta de serviço!". Mas são sempre muito simpáticos.

Chegando ao povoado de Bento Rodrigues, fizemos uma parada forçada para consertar uma bicicleta com problemas mecânicos e então partimos novamente.
Registros de fotos feitas na pequena Bento Rodrigues e,então, foi dada a partida até Camargos. Mais algumas subidas, descidas e florestas chegamos ao pacato povoado.
Resolvemos que seria melhor almoçar nesse povoado, dado os atrasos que tivemos. E que decisão acertada essa! O almoço estava realmente muito gostoso, com um tempero digno do interior de Minas Gerais e para acompanhar não poderia faltar a nossa velha companheira "a pinga". Essa foi forte e desceu queimando, mas abriu o apetite que foi uma beleza.

Na saída de Camargos, para não falhar à regra, mais subidas. Dessa vez foram 10 quilômetros entre subidas e descidas leves, mais subidas que descidas. Mas como é bom ver aquele mar de montanhas de Minas Gerais! Como nosso estado é bonito e quantos lugares ainda tenho a visitar! Cada quilômetro eu sentia mais gosto pelo esporte que me leva a conhecer locais sensacionais e bonitos como esses que passamos no Caminho dos Diamantes.
É estranha a sensação que vai dando ao chegar próximo ao nosso destino, ocorre um misto de euforia, alegria e melancolia. Essa por estar terminando o trajeto planejado, mas com a certeza de que em breve retornaremos.
Chegamos em Mariana e já preparamos a subida até Ouro Preto, antiga Vila Rica. Essas cidades dispensam comentários e são duas das cidades mais conhecidas de Minas Gerais. Elas têm o mérito não por acaso, são realmente cheias de histórias que são vividas e presenciadas à cada minuto que se passa por elas.

A noite chegava e com ela o cansaço e a preocupação com nosso amigo era grande, pois mesmo sendo puxado por dois outros, ele ainda pedalava e já estava muito desgastado fisicamente.
Fizemos algumas paradas estratégicas para descanso, alimentação e hidratação para conseguirmos chegar com segurança e sem nenhum outro incidente.
Aos poucos Ouro Preto foi chegando e nos brindando os olhos com seus casarões, igrejas, museus e todos os demais encantos que essa bela cidade sempre oferece à todos os seus visitantes.
Por fim chegamos à Ouro Preto e com ela finalizamos o nosso primeiro Caminho do Desafio 100% Estrada Real.
Caminho dos Diamantes, esse não foi e não será nosso último contato. Vamos ainda nos encontrar e reviver algumas histórias como também criarmos outras.
Parabéns à todos os meus amigos que estiveram comigo nessa jornada.
Parabéns à equipe do Instituto Estrada Real pelo profissionalismo e preocupação com os viajantes.
Obrigado à todos que de alguma forma participaram desses momentos mágicos que vivemos.
Obrigado aos apoiadores, familiares e principalmente obrigado Jordana pela força, dedicação e amor de sempre.
Belo Horizonte, 10 de Julho de 2015
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