quinta-feira, 30 de março de 2017

20º Dia: Itatiaia à Conselheiro Lafaiete

Serra do Deus Me Livre - Serra de Ouro Branco
A ideia era iniciarmos o pedal de domingo em Ouro Branco rumo à Conselheiro Lafaieite, porém tivemos que abortar em Itatiaia no sábado e não queríamos perder esse trecho. Portanto, embarcamos as bikes no micro-ônibus e descemos rumo á Itatiaia para darmos início ao pedal de domingo.

Pneu furado, dor de barrida, entre outros nos causaram um pequeno atraso no início do pedal de domingo, mas nada que tirasse o bom humor de todos.

Algumas pessoas optaram por esperar em Ouro Branco e aguardar pelo restante do grupo para fazer apenas o trecho programado para o domingo e com isso descansassem um pouco mais. Recuperando as energias e forças.

Àqueles que optaram por iniciar em Itatiaia se depararam, logo no início, com uma subida de serra bem forte e desafiadora.

O trecho é composto por muitas subidas, mas resguarda belas paisagens e uma vista bem característica de Minas Gerais. Aquela que já chamamos aqui de "Mar de Minas". Como é gratificante e bonito estar no alto de uma montanha e avistar aquela imensidão de montanhas que formam o relevo mineiro!

Vista da Serra de Ouro Branco
Sempre ao chegarmos no alto de uma montanha parávamos para que fosse possível reagrupar os integrantes da equipe e registrar as belezas com fotos, além das já conhecidas e características brincadeiras dos integrantes do grupo. Alguns mais brincalhões que os outros, obviamente.

Durante esse percurso, um de nossos integrantes começou a passar mal e tivemos que esperar que ele melhorasse para seguirmos viagens. A preocupação com ele aumentou e o medo de termos algo mais grave era evidente, mas graças à Deus isso não ocorreu.

Seguimos pelas montanhas da Estrada Real até que em um determinado ponto 3 dos integrantes resolveram ir até o Mirante onde está localizada a Capela de Nossa Senhora de Aparecida e o restante deslocaram-se até Ouro Branco.

A serra de Ouro Branco, transposta por nós nesse trecho, foi designada pelos tropeiros e bandeirantes antigos como "Serra do Deus me livre" por sua imponência e dificuldade de transposição.

Passamos rapidamente pelo Pé do Morro, atualmente um hotel fazenda e que no passado foi um importante marco da Estrada Real. Finalizamos esse primeira parte na praça da Igreja Matriz de Santo Antônio, cujo interior guarda pinturas do mestre Ataíde.

Igreja Matriz de Santo Antônio - Ouro Branco-MG
Nesse local, fizemos um lanche reforçado e encontramos com o restante do grupo para finalizarmos o trecho final planejado para o dia.

Quando estávamos arrumando para partirmos, os 3 integrantes que foram ao mirante chegaram e, então, alinhamos que iríamos na frente enquanto eles se refrescavam e lanchavam.

Seguimos pela direita da matriz até a Capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens, de onde voltamos a seguir os totens da Estrada Real.

Como não poderia deixar de ser, iniciamos por uma subida forte pelo asfalto até o Ouro Branco Esporte Clube.

A descrição na planilha gera dúvida, pois ao que parece o bairro Belvedere teve alterações e essas alterações não estão replicadas nas planilhas, mas apesar das dúvidas não nos perdemos.

Seguimos por um loteamento novo e de longe avistamos um marco próximo à entrada de uma fazenda, o que nos deixou mais confortáveis quanto ao caminho. Nesse loteamento deixamos a parte calçada e seguimos por estrada de chão.


Fazenda Carreiras - Ouro Branco-MG
Conseguimos reunir o grupo novamente próximo da Fazenda Carreiras que, segundo o Instituto Estrada Real era um local de criação, venda ou troca de cavalos para aqueles que faziam a viagem do Rio de Janeiro para Vila Rica pela Estrada real.

Infelizmente nesse ponto tivemos um integrante do grupo passando mal, devido à alguma comida estragada ou reação orgânica. Tivemos que chamar resgata e o mesmo foi levado para um local seguro e posteriormente ao hospital onde foi tratado de desidratação e liberado.

Os demais integrantes continuaram a viagem pelas montanhas de Minas Gerais rumo ao destino final dessa etapa que era Conselheiro Lafaiete. Passamos ainda, pela Estalagem Varginha onde resiste ao tempo uma árvore gameleira onde foi exposta uma das pernas de Tiradentes.

Seguimos por algum tempo pela rodovia MG 129 até encontrarmos o marco 1446 do lado errado e, então, regressarmos para a estrada de terra. Nesse ponto, o grupo já havia se divido em 3, devido ao problema com um dos integrantes e cansaço de outros.

Foi exatamente nesse ponto que 2 integrantes ficaram esperando o resgate para o integrante que passou mal e não conseguia mais pedalar dado à gravidade da desidratação. Esses dois ficaram por serem ciclistas mais experientes e velozes.

Nossas Magrelas na Fazenda Carreiras
Após esse primeiro incidente mais grave, concluímos que o melhor nesse ponto seria o acionamento de resgate profissional, SAMU ou Corpo de Bombeiros, mas não foi o que fizemos. Felizmente, tudo transcorreu da melhor forma possível e pudemos tirar essa lição aprendida.

Estávamos a pouco mais de 11 quilômetros para o final da jornada, mas foram quilômetros tensos, devido ao incidente com nosso amigo e a falta de comunicação (problema de se afastar da civilização e termos um serviço de telecomunicações ainda precário). O tempo foi passando e como o trajeto era fácil chegamos ainda cedo em Conselheiro Lafaiete, nosso destino final.

No local previsto para encontro com o nosso ônibus de apoio, tomamos banho, fizemos lanches e esperamos pela liberação médica do nosso amigo que passou mal.

Quando já estávamos decidindo pela opção de todos irem embora e ficar apenas um integrante como acompanhante daquele que estava internado, recebemos a notícia de sua liberação pela equipe médica. Isso foi um alívio para todos e, com um atraso de 3 horas, voltamos com a sensação de dever cumprido por mais uma etapa finalizada da Estrada Real.

Foram pouco mais de 2 horas de viagem até BH, onde nos despedimos já na expectativa da próxima etapa que nos levará de Conselheiro Lafaiete à Barbacena, passando por Queluzito, Carandaí e Ressaquinha. Mas essa será um novo capítulo... 

terça-feira, 28 de março de 2017

19º Dia: Parque do Itacolomi à Itatiaia

O último final de semana de março foi marcado pelo início de mais uma empreitada pela Estrada Real. Nos encontramos às 3 horas da manhã no ponto de encontro em BH para seguirmos rumo à Ouro Preto de onde iniciaríamos o pedal no Parque Estadual do Itacolomi.

A utopia de realizar 100% da Estrada Real está chegando ao fim para muitos, alguns ficaram pelo caminho e outros ingressaram nessa "viagem" por agora.

Haviam entre nós 5 novatos e as dúvidas, medos e incertezas eram constantes. Porém, tínhamos que dar todo o apoio necessário para os novatos, afinal um dia alguém teve paciência conosco e nos ensinaram a ter prazer pelas cicloviagens.

Essa etapa foi realizada entre as cidades de Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete. Pelo planejamento, enfrentaríamos aproximadamente 82 quilômetros, divididos em 60 no sábado e 22 no domingo, mas...

A viagem

O encontro para essa viagem estava marcado para as 3 horas da madrugada do sábado dia 25/03 para que pudéssemos iniciar a viagem às 3:40, na esperança de não sermos barrados no Parque Estadual do Itacolomi que está fechado devido, entre outras coisas, ao surto de febre amarela no estado.

Pela primeira vez em nossa história na Estrada Real não tivemos atrasos e conseguimos seguir viagem normalmente no horário previsto. Isso já foi uma grande vitória.

Esse momento de embarque das bikes e dos ciclistas foi aproveitado para que fossemos apresentados uns aos outros, visto que 7 integrantes eram novatos no grupo.

Fizemos uma parada em Cachoeiro do Campo para que pudéssemos ir ao banheiro visto que o Parque Estadual do Itacolomi encontra-se fechado e não poderíamos utilizar a estrutura do mesmo.

A descontração durante a viagem foi a mesma de sempre e para algumas pessoas foi um pouco assustador, visto que não conheciam a turma e algumas brincadeiras pareceram ofensivas. Porém isso foi descaracterizado durante o dia. 

O pedal

Parque Estadual do Itacolomi - Ouro Preto-MG
Como sempre iniciamos o pedal após o café da manhã que nos é servido no próprio local de partida. Houve um momento para registros de fotos e orientações gerais. Após isso, iniciamos o pedal rumo ao primeiro destino que foi Lavras Novas, distrito de Ouro Preto.

Os 19 ciclistas seguiram rumo ao desconhecido por muitos, mas com muita alegria e brincadeiras. O pedal iniciou-se no parque e por um bom momento seguimos subindo as montanhas do Itacolomi. 

Todo o percurso até Lavras Novas é caracterizado por subidas difíceis, mas por paisagens que enchem os olhos por sua beleza e características marcantes de Minas Gerais.

Durante os 17 quilômetros até Lavras Novas, passamos por 2 mirantes, pela fazenda São José do Manso que a sede, atualmente chamada de Casa Bandeirista, funciona como Centro de Visitantes da unidade e conservação. Uma pena estar fechada. Passamos e fizemos uma parada na Represa do Custódio para lanches e recomposição, visto que daí a maior parte do caminho é feita por subidas.

Devido a alguns problemas mecânicos que tivemos, a viagem atrasou muito até Lavras Novas e decidimos fazer a parada de almoço nesse local. 

Subidas do Parque rumo à Lavras Novas
Após lanches e almoço seguimos rumo à Itatiaia, porém antes passaríamos em Chapada. A ideia inicial era passarmos pelo caminho de carros, porém parte do grupo adentrou pela trilha e tivemos que optar por todos irem por esse caminho, causando um pouco mais de atraso.

O grupo que foi à frente mantinha contato conosco por rádio e sempre sabíamos onde todos estavam. Porém, isso não é o ideal em uma cicloviagem. É importante que todos se mantenham próximos para caso seja necessário algum tipo de apoio físico, psicológico e/ou mecânico.

Ao chegamos em Chapada, realizamos uma nova parada para lanches antes de seguirmos viagem. Após a refeição, seguimos rumo à Itatiaia. 

Lavras Novas - Distrito de Ouro Preto
Devido às grandes subidas e desafios desses percursos, algumas pessoas começaram a demonstrar desgaste físico e tivemos que ajudar de alguma forma. Alguns empurrando, outros sendo puxados ou empurrados. As paradas para descanso se tornaram mais frequentes e por fim a noite foi chegado.

O planejado era fazermos até Ouro Branco no sábado, porém a noite caiu e tivemos que solicitar que o Bike Tour nos resgatasse em Itatiaia por segurança e até mesmo desgaste físico.

Decidido que o término do dia seria em Itatiaia, seguimos noite à fora pelas estradas e rodovias de Minas Gerais até o pequeno distrito. Entretanto, o cansaço e a preocupação, nos fizeram errar quase chegando no povoado e com isso tivemos que percorrer aproximadamente 4 quilômetros improdutivos noite à fora. Infelizmente isso gera ainda mais desgastes em todos e já era visível que algumas pessoas não aguentavam mais pedalar.

Grupo reunido nas montanhas de Minas Gerais
Felizmente, estávamos à apenas 3 quilômetros de Itatiaia quando regressamos ao ponto de erro e encontramos com o nosso amigo desgarrado Theófilo que fora buscar ajuda.

Esses pouco mais de 3 quilômetros era uma subida de serra e muitos já estavam exaustos. Tanto que uma integrante teve a bike rebocada por outros 2 e finalizou a subida das ladeiras da pequena Itatiaia à pé.

Ao chegarmos à porta da Igreja de Santo Antônio, construída no século XVIII e ao estilo barroco, o micro-ônibus já nos aguardava. Muitos se sentiram aliviados e, após o embarque realizado, seguimos rumo à Ouro Branco, onde descansamos para enfrentar os, então, 42 quilômetros do dia seguinte.

Isso mesmo, o domingo que seria composto apenas de 22 quilômetros herdou os 20 quilômetros entre Itatiaia e Ouro Branco.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Caminho Novo da Estrada Real

Eis que em 2017 começaremos o Caminho Novo da Estrada Real. Uma turma de 19 ciclistas se aventurando pelas montanhas de Minas Gerais até o Rio de Janeiro, mais precisamente em Petrópolis.

Serão 515 quilômetros percorridos entre as cidades de Ouro Preto e Petrópolis. Passaremos por cidades históricas como Lavras Novas, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Carandaí, Juiz de Fora entre outras.

Faremos o trajeto em etapas, como já é de conhecimento de todos, a começar em Março e finalizar em Setembro.

A ansiedade já toma conta de muitos, mesmo por que perdemos alguns colegas que fizeram os outros caminhos e novos integrantes se juntaram ao grupo.

A viagem


Segundo vários relatos e conversar realizadas com pessoas que já percorreram esse percurso, a primeira etapa será realmente a parte mais difícil de provavelmente toda a Estrada Real (tenho minhas dúvidas, pois o Sabarabuçu me parece bem insuperável). Portanto é importante termos consciência que poderemos pedalar ao escurecer nessa etapa entre Ouro Preto e Ouro Branco.

Desanimar pela dificuldade é algo que não deveremos fazer, pois as belezas de Minas Gerais e a recompensa de chegar é algo inexplicável e que recomendo à todos.

Passaporte


O passaporte da Estrada Real é uma credencial voltada para os viajantes que percorrem os Caminhos da Estrada Real.

Essa credencial deverá ser carimbada nos pontos oficiais e apresentado ao final para a retirada do Certificado da Estrada Real.

O passaporte é gratuito, entretanto para a retirada é solicitado um quilo de alimento não perecível ou um agasalho que será doado para uma instituição de caridade, podendo ser retirado em Ouro Preto, Diamantina Paraty, Petrópolis, Cocais ou Tiradentes.

Para ter o passaporte é necessário preencher o formulário e o apresentar impresso ou em mídia digital no ponto de retirada.

Ao todo são 5 certificados na Estrada Real, sendo um para cada caminho e um especial para o viajante que percorrer os 4 caminhos (Caminho Novo, Velho, dos Diamantes e Sabarabuçu).


Ouro Preto à Lavras Novas


Esse trecho inicia-se no Parque Estadual do Itacolomi em Ouro Preto e é composto de muitas subidas e descidas fortes. Tomar cuidado e manter-se em grupo será de fundamental importância.

Altimetria entre Ouro Preto e Lavras Novas
Fonte: Instituto Estrada Real
São vários atrativos nesse percurso de apenas 17 quilômetros, mas com um grau de dificuldade 5 em um máximo de 5.

Recomendo a leitura das instruções e informações disponibilizadas no site do Instituto Estrada Real para esse trecho.

Aproximadamente no quilômetro 14 passaremos pela represa do Custódio, onde poderemos fazer um momento de descanso, lanche para seguirmos por aproximadamente 4 quilômetros, onde a maior parte é de subida, até Lavras Novas. 

Teremos trechos de subidas e descidas intercaladas com muitas folhas pela estrada que carece de atenção uma vez que podem esconder buracos ou raízes.

O percurso culmina com subidas fortes, após a represa do Custódio, para chegarmos em Lavras Novas, onde será possível realizarmos um lanche antes de seguirmos viagem.

Seremos um grupo de 19 ciclistas e o respeito com os limites de cada um é de suma importância para que consigamos realizar com sucesso e harmonia nossa cicloviagem.

Já carimbamos os passaportes em Ouro Preto e há carimbos em Lavras Novas, portanto será necessário levar os passaportes nesse percurso.


Lavras Novas à Itatiaia


Altimetria dentre Lavras Novas e Itatiaia
Fonte: Instituto Estrada Real
Lavras Novas é um distrito de Ouro Preto, onde parece que o tempo parou e vive-se somente aquele momento. Porém, não poderemos nos distrair demais uma vez que teremos um longo caminho a seguir até Ouro Branco, onde provavelmente chegaremos à noite.

Seguiremos de Lavras Novas sentindo à Chapada que é outro distrito de Ouro Preto e menor que o primeiro.

Segundo informações do Instituto Estrada Real, o trecho é curto e com muitas pedras e areias soltas. É importante mantermos o cuidado para evitar acidentes.

O legal dessa parte que não é acessível para carros e então o trecho será apenas nosso, para curtirmos e aproveitarmos as paisagens que são muito lindas.

O percurso é composto por aproximadamente 23 quilômetros e finaliza com uma subida forte e ingrime.

Há carimbo em Itatiaia, portanto deveremos levar os passaportes.

Itatiaia à Ouro Branco


Altimetria entre Itatiaia e Ouro Branco
Fonte: Instituto Estrada Real
O último trecho desse primeiro dia é composto por 20 quilômetros finalizando em Ouro Branco, onde pernoitaremos para seguir até Conselheiro Lafaiete no dia seguinte.

Será necessário cruzar a rodovia logo no início do percurso e por isso é importante termos muita atenção e cuidado.

Boa parte do percurso é realizada no alto da Serra de Ouro Branco e os 5,6 quilômetros finais serão por asfalto, exigindo cuidado uma vez que já estaremos cansados e provavelmente à noite.

Segundo o Instituto Estrada Real, a Serra de Ouro Branco era um dos pontos de referência para bandeirantes e tropeiros que percorriam os caminhos da Estrada Real. Por sua imponência e pela dificuldade de transpô-la, foi denominada pelo viajantes de "Serra do Deus te Livre".

Mirante da Capela Nossa Senhora de Aparecida
Deslocando-se 6,5 quilômetros da Estrada Real, chega-se ao mirante a 1.550 metros de altitude, onde está localizada a Capela de Nossa Senhora Aparecida, onde é possível avistar o Lago Soledade e as cidades de Ouro Branco, Congonhas e Conselheiro Lafaiete.

Como pode ser visto no quadro de altimetria, pegaremos subidas longas e de grau médio de dificuldade, mas lembro que essa dificuldade é para ciclistas experientes.

Finalizaremos nosso dia com uma descida de 5,6 quilômetros em rodovia sem acostamento. Peço muita atenção de todos.

Ainda segundo o Instituto Estrada Real, antes de chegarmos à Ouro Branco, passaremos por construções importantes como as pontes da Biquinha e do Pé do Morro, além da sede da Fazenda Pé do Morro que atualmente é um hotel fazenda.

Em Ouro Branco é recomendado conhecermos o interior da Igreja Matriz de Santo Antônio que guarda pinturas do Mestre Ataíde, um dos mais importantes artistas do período barroco.

Será em Ouro Branco que descansaremos para seguir viagem no dia seguinte. Nessa cidade, nosso ônibus estará no hotel à nossa espera e provavelmente o Valdinei, dono da Bike Tur, terá olhado um local para jantarmos.

Os ciclistas serão acomodados em quartos duplos ou triplos. Àqueles que desejarem quarto individual será cobrado uma diferença pelo hotel.

Os ajustes nas bikes, se necessário, poderão ser realizados à noite.

No jantar decidiremos os horários de café da manhã e partida para o trajeto do dia seguinte.

Há ponto de carimbo em Ouro Branco.

Ouro Branco à Conselheiro Lafaiete


Altimetria entre Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete
Fonte: Instituto Estrada Real
Segundo o Instituto Estrada Real, o caminho entre Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete registra histórias que envolvem o inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes.

Nesse percurso passaremos pela Casa de Tiradentes, uma antiga fazenda (Fazenda Carreiras) de criação, venda ou troca de cavalos e parada para aqueles que faziam a viagem do Rio de Janeiro para Vila Rica pela Estrada Real.

Segundo a história, o alferes pernoitou nessa fazenda em 1788 e D. Pedro II citou em seu Diário de Viagem que lá se reuniram os inconfidentes. Apesar da documentação existente comprovar somente que Tiradentes pernoitou na Estalagem da Varginha que fica próxima à Fazenda Carreiras.

6 quilômetros após a fazenda, chega-se ao local onde ficava a Estalagem da Varginha que ainda resiste ao tempo uma antiga árvore onde foi exposta uma das pernas de Tiradentes. Como registra a história, os restos mortais do alferes foram transportados pelo Caminho Nova da Estrada Real até Vila Rica, atualmente Ouro Preto.

O Caminho, como pode ser visto no mapa de altimetria é plano e mescla trechos em asfalto e em estrada de terra. Serão percorridos 22 quilômetros com belas paisagens que é característico da Estrada Real e de Minas Gerais.

O trecho finaliza em Conselheiro Lafaiete, cidade de porte médio com cerca de 115 mil habitantes.

Ao chegar em Conselheiro Lafaiete, encontraremos com o Bike Tour que já terá encontrado algum lugar para tomarmos banho, almoçarmos e regressarmos para BH.

Há ponto de carimbo em Conselheiro Lafaiete.



Segunda Etapa

Finalizada a primeira etapa do desafio, agora é hora de pensarmos na segunda parte. 

Nessa etapa somente teremos que carimbar em Barbacena, portanto deixaremos os passaportes com o nosso motorista para que não seja necessário levar peso extra.

Conselheiro Lafaiete à Queluzito


Altimetria entre Conselheiro Lafaiete e Queluzito
Fonte: Instituto Estrada Real
O trecho a ser percorrido tem início na Praça Tiradentes em Conselheiro Lafaiete que tem esse nome em homenagem ao Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira, porém os registros histórico registram 2 nomes anteriores desde o século XVIII.

A região já era habitada por índios Carijós no final do século XVII quando os primeiros exploradores por lá chegaram, quando o arraial recebeu o nome de Arraial de Campo Alegre dos Carijós. Em 1790, o local foi elevado à categoria de Vila pelo então governador Visconde de Barbacena. Somente em 1934 passou então ao nome atual.

Logo no início do percurso teremos que atravessar a BR-040 no trevo e seguir à direita pela rodovia. Seguiremos sentido Sítio São Jorge para entramos na estrada de terra.

Será importante termos atenção redobrada no cruzamento no KM 8,49, uma vez que o marco está em um ponto com visibilidade difícil, o que pode causar erro. Teremos que virar à esquerda passando pelo mata-burros.

No marco 1465 entraremos novamente na rodovia até a cidade de Queluzito, onde chegaremos na Igreja de Santo Antônio.

Distância a percorrer: 19,9 KM
Nível de dificuldade: 3

Na minha percepção, o trecho será de fácil realização se tomadas as atenções necessárias com travessia de rodovias e posicionamentos dos marcos.

Não há nenhum marco posicionado em local para gerar erro.

Queluzito à Carandaí


Altimetria entre Queluzito e Carandaí
Fonte: Instituto Estrada Real
O segundo trecho do dia é composto por aproximadamente 34 quilômetros. Haverá um trecho de trilha e muitos mata-burros pelo percurso.

A presença de mata-burros é sempre uma preocupação, visto que já tivemos situações de mata-burros na perpendicular que pode acarretar acidentes graves para ciclistas ou motocilistas. Além é claro de alguns mata-burros terem um espaço no meio que também pode levar à quedas. Portanto, tenhamos muita atenção.

Ao todo, a planilha desse percurso apontam 18 mata-burros.

Há também no quilômetro 24,84 um marco do lado errado, onde devemos seguir à direita até o posto de gasolina de onde veremos o marco seguinte.

O trecho é longo e requer um planejamento cuidados, principalmente pela ausência de infraestrutura de apoio no caminho.

Não encontrei nenhuma indicação para que ciclistas evitem alguma parte do percurso, mesmo havendo a indicação de travessia de um córrego sem ponte.

Nas proximidades de Carandaí é evidente a movimentação de cargas nos ramais ferroviários. Como é de conhecimento histórico, muitas cidades mineiras, após o declínio do ciclo do ouro e já na segunda metade do século XIX, tiveram suas economias atreladas ao desenvolvimento da Estrada de Ferro D. Pedro II que tinha linhas ligando a cidade do Rio de Janeiro ao interior de Minas Gerais.

Outras atrações que teremos nessa região são os casarões históricos preservados e, muitos deles, transformados em hotéis fazendas. A região faz parte do Circuito Villas e Fazendas.

Distância a percorrer: 33,27 KM
Nível de dificuldade: 5

Na minha percepção, o trecho será de fácil realização se tomadas as atenções necessárias com travessia de rodovias e posicionamentos dos marcos.

Há a indicação do marco 111 posicionado em local para gerar erro.

Carandaí à Ressaquinha


Altimetria entre Carandaí e Ressaquinha
Fonte: Instituto Estrada Real
Esse será o primeiro trecho do nosso segundo dia. Sairemos de Carandaí logo após o café da manhã rumo ao destino final para retorno à BH que é Barbacena, porém antes passaremos por Ressaquinha.

Segundo o Instituto Estrada Real, o trecho é plano nos seus primeiros 15 quilômetros e então passa a alternar entre subidas e descidas.

Passaremos em um povoado, distrito de Carandaí de nome Ressaca que destaca-se pela beleza da capela erguida no século XVIII em homenagem à Nossa Senhora da Glória. A capela possui estilo barroco e muito bem preservada, apesar do tempo.

Já no município de Ressaquinha, há registros históricos de 1733 da existência de trabalhadores na Fazenda Costa da Minas, um dos atrativos do percurso.

Pelo que percebemos no mapa de altimetria, teremos duas subidas mais fortes e que exigirão preparo dos ciclistas. São subidas pequenas, mas bem ingrimes.

Teremos como ponto de atenção uma grande quantidade de mata-burros e a existência de um marco de difícil visualização, aproximadamente no quilômetro 18.

O ponto de chegada em Ressaquinha é a Igreja de São José, onde não há marco.

Distância a percorrer: 30 KM
Nível de dificuldade: 5

Na minha percepção, o trecho será de fácil realização se tomadas as atenções necessárias com travessia de rodovias e posicionamentos dos marcos.
Há a indicação do marco 1534 posicionado em local de difícil visualização.

Ressaquinha à Barbacena

Altimetria entre Ressaquinha e Barbacena
Fonte: Instituto Estrada Real
Destino final dessa etapa. De Barbacena retornaremos para BH.

O trecho é composto por 28 quilômetros de dificuldade técnica de nível 5 segundo o Instituto Estrada Real.

Teremos parte do trajeto realizado em asfalto e parte em estrada de terra de boa conservação. Existem marcos caídos, marco 1573 e 1574.

Nesse percurso passaremos no distrito de Alfredo Vasconcelos que foi formado no entorno de uma estação ferroviária e tem como atrativos destacados o Pontilhão construído no século XIX que fica na entrada da cidade e a Igreja Nossa Senhora do Rosário que foi construída no século XVIII.

O trecho finaliza em Barbacena, fundada no início do século XVIII e serviu como abrigo para cinco conspiradores da Inconfidência Mineira, dentre eles o padre Manuel da Costa. Parte da história mineira, a cidade recebeu o braço direito de Tiradentes que ficou exposto no adro da Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Pelo que percebemos do trajeto, teremos duas subidas mais difíceis, devido à distância a ser subida, mas nada que desgaste demais os ciclistas. Temos que tomar cuidado com os marcos caídos e a existência de mata-burros que podem gerar dúvidas e quedas.

Distância a percorrer: 28 KM
Nível de dificuldade: 5

Na minha percepção, o trecho será de fácil realização se tomadas as atenções necessárias com travessia de rodovias e posicionamentos dos marcos.


Terceira Etapa

Finalizada a segunda etapa do desafio, agora é hora de pensarmos na terceira parte.

Nessa etapa somente teremos que carimbar em Santos Dumont e Juiz de Fora, portanto deixaremos os passaportes com o nosso motorista para que não seja necessário levar peso extra.

Barbacena à Antônio Carlos


Altimetria entre Barbacena e Antônio Carlos
Fonte: Instituto Estrada Real
Trecho curto, de apenas 13,4 Km. 10 Km são feitos no asfalto e 3 km em estrada de terra.

A estrada está em bom estado de conservação e, por ser larga e plana, é de fácil acesso e trânsito.

A dificuldade encontrada é a falta de sombra durante o percurso. Além disso, a ausência de acostamento no trecho de asfalto pode ser perigosa para o viajante.

O trecho termina no pequeno município de Antônio Carlos, cujo nome é homenagem ao político mineiro, ex-presidente do Brasil.

A cidade teve origem no povoado formado em volta da estação ferroviária implantada no final do século XIX.

O município tem como atrativos a sua Igreja e um conjunto de antigas propriedades rurais, como a fazenda de Borda do Campo, que pertencia a Garcia Rodrigues – um dos responsáveis pela abertura do Caminho Novo –, a Fazenda do Barro e a Fazenda Passa Três, todas de 1778.

Distância a percorrer: 13 KM
Nível de dificuldade: 3

Na minha percepção, o trecho será de fácil realização se tomadas as atenções necessárias com travessia de rodovias e posicionamentos dos marcos.

Não há nenhum marco posicionado em local para gerar erro.


Antônio Carlos à Santos Dumont


Altimetria entre Antônio Carlos e Santos Dumont
Fonte: Instituto Estrada Real
É um dos maiores trechos do Caminho Novo, com 56 Km. Sua longa distância é uma das dificuldades para o caminhante.

No entanto, o bom estado de conservação da larga e plana estrada, somado a algumas áreas sombreadas, torna o trecho de fácil acesso para o viajante e ajuda a vencer a distância.

No marco 1614, chega-se ao pequeno povoado Patrimônio dos Paivas que pode servir de ponto de parada. Uma opção de pernoite pode ser encontrada pelo telefone (32) 3257-0009 e falar com Sra. Bárbara, ela é uma funcionaria do posto de saúde.

Esse trecho é rico em atrativos históricos, como a Fazenda Borda do Campo, que pertencia a Garcia Rodrigues, filho do bandeirista Fernão Dias e que foi responsável pela abertura do Caminho Novo, a Fazenda Cabangu, onde nasceu Santos Dumont e hoje funciona um museu com reproduções do 14-Bis e do Demoiselle, além de documentos, fotos, móveis e roupas que pertenceram ao inventor.

Outro atrativo do trecho está na própria estrada. Do marco 1606 ao 1608 reserva ao viajante a possibilidade de encontrar resquícios do calçamento da antiga Estrada União Indústria. No marco 1607, por exemplo, é possível ver um chafariz que foi construído 1928, construído por Mariano Procópio para servir de ponto de parada para os viajantes.

O fim do trecho é na cidade de Santos Dumont. Como principais atrativos turísticos, além da Fazenda Cabangu, destacam-se as cachoeiras e o Parque da Lagoa.

Distância a percorrer: 55 KM
Nível de dificuldade: 5

Santos Dumont à Ewbank da Câmara

Altimetria entre Santos Dumont e Ewbank da Câmara
Fonte: Instituto Estrada Real
O trecho, de 20 Km, oscila entre estrada de terra, que o predomina, trilhas e asfalto (três km). Existem dois trechos com trilhas, entre o marco 1652 a 1653 (total 1 km) e entre o marco 1666, porém, como essa trilha está em péssimo estado, retiramos esse trecho da Estrada Real da planilha e indicamos um novo caminho.   

A estrada está em bom estado de conservação até o marco 1656. Depois, passa a demandar atenção para quem estiver de carro comum, já que a estrada piora e passa-se por trechos de mata fechada. 

Esse trajeto somente liga fazendas da região, por isso o movimento de veículos é muito reduzido. Em épocas de chuva não é aconselhável para carros comuns.


Distância a percorrer: 18 KM
Nível de dificuldade: 4

Temos que tomar muito cuidado com as entradas das trilhas para não pegarmos o caminho errado.

Altimetria entre Ewbank da Câmara e Juiz de Fora
Fonte: Instituto Estrada Real
É o maior trecho do Caminho Novo, com 59 Km. Sua longa distância é uma das dificuldades para o caminhante. No entanto, a estrada ser plana ajuda o viajante a vencer a quilometragem.   

A partir do marco 1679 indicamos um novo trecho da Estrada Real, devido o trajeto antigo possuir um trilha de 5 Km que não está em boas condições, além do portão de entrada dela está trancado com um cadeado. Por isso, seguir o caminho indicado na planilha. Ter muita atenção nas indicações devido não existir marco entre os 4 Km do novo trecho.   

O viajante tem que ficar atento à planilha entre os marcos 1728 a 1730. Por ser um trecho percorrido na BR-040, há intenso fluxo de carro. No viaduto, no marco 1730, o viajante tem que seguir sentido Barreira do Triunfo para seguir pela Estrada Real.   

A chegada é em Juiz de Fora, cidade cuja história começa com a implantação do Caminho Novo da Estrada Real. Foi a abertura dele que formou o povoado, que servia como ponto de pouso e abastecimento para os viajantes.   

Nesse período colonial o império distribuía lotes de terra, as chamadas sesmarias. Um dos sesmeiros teria sido um juiz de fora, ou seja, um magistrado que exercia suas funções em locais onde não havia juiz de direito, o que mais tarde acabou dando nome ao núcleo urbano formado em volta de sua propriedade.   

Juiz de Fora tem como principais atrações turísticas as suas construções de estilos arquitetônicos diversos, museus históricos e de arte e centros culturais.

Distância a percorrer: 59 KM
Nível de dificuldade: 5