Em fim, chegamos em Paraty. Local que encerramos mais uma jornada da Estrada Real, o Caminho Velho que teve início em Ouro Preto e após 710 quilômetros, chegamos aos 1064 quilômetros dos 1724 que nos desafiamos à realizar.
O sentimento de dever cumprido e a emoção de chegarmos todos bem, sem perdas e com muitas experiências e aprendizados é muito recompensador. Esquecemos das dores, das dificuldades e só vivemos esse momento único de realização.
Nessa etapa em específico, saímos de Cunha no interior paulista e realizamos os 57 quilômetros até Paraty no estado do Rio de Janeiro. Esse trajeto foi realizado parte por estrada de terra batida e parte por asfalto. Tivemos um momento em cachoeira que apesar da água estar gelada, foi muito bom para relaxar e refrescar do calor que fazia.
A Viagem
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Logo da etapa Brasil do Tour de France |
O encontro para essa etapa estava previsto para as 20 horas da sexta-feira, 16/09, para que pudéssemos iniciar a viagem por volta das 20:30. Entretanto, tivemos alguns imprevistos e com isso só conseguimos sair de BH às 21:55. Infelizmente esses atrasos têm se tornado comum e a falta de planejamento com essa questão acaba gerando insatisfação para os demais integrantes que se sacrificam para cumprir com o horário.
Chegamos em Cunha que estava em festa para receber a etapa Brasil do Tour de France. Obviamente, chamamos muita atenção com aquela van lotada de bicicletas, MTB, e a cidade repleta de bicicletas estradeiras, Speed. Muitos olhares e perguntas eram-nos feita a todo momento por pessoas diferentes, mas isso é muito legal.
Explicávamos nosso objetivo e a curiosidade das pessoas aumentava ainda mais. Muitos ciclistas estavam pela cidade e a movimentação era gigante.
O Pedal do Último Dia
É isso mesmo, nessa etapa pedalamos apenas no sábado para podermos curtir um pouco a cidade história de Paraty e confraternizar a nossa grande vitória.
Éramos um grupo imaturo no assunto de cicloviagem e atualmente estamos com bastante bagagem para falarmos e contarmos de nossa grande experiência pelas montanhas de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
É um orgulho muito grande se desafiar a realizar essa viagem, seja como for, pois os desgastes humano e físico são grandes. Brigas, discussões, desavenças sempre ocorrerão, mas é preciso que tenhamos maturidade suficiente para que isso não afete a amizade e carinho que existe entre as pessoas envolvidas. A gratidão e colaboração deve existir e se sobrepor à todas as dificuldades encontradas.
A rotina foi a mesma de sempre, ou seja, desembarcamos as bikes, fizemos pequenos ajustes, lubrificação de corrente e tomamos nosso café. Um amigo teve o pneu furado durante a viagem e precisou fazer o reparo, com isso saímos para pedalar por volta das 08:27.
Partimos seguindo os marcos da Estrada Real rumo ao nosso destino final. Nessa etapa, optamos por deixar os passaportes com uma pessoa que seguiria de carro para realizar os carimbos, pois no meio do caminho não haveria onde carimbar.
O intuito com essa ação era que os certificados fossem pegados no sábado, para que no domingo pudéssemos aproveitar a manhã no centro histórico de Paraty ou até mesmo conhecermos Trindade.
Nesse dia, o pedal começou de forma um tanto quanto tensa, pois devido ao atraso na viagem o líder do grupo não conseguiu segurar sua insatisfação e isso acabou refletindo em todo o grupo. Essa situação não é boa em nenhuma viagem, ainda mais em uma viagem de bike e esta sendo a viagem que deveria ser de festa, pois estávamos finalizando a última etapa do Caminho Velho.
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Cachoeira da Pimenta |
Essa situação inesperada continuou até que chegamos a uma cachoeira no meio do caminho. A cachoeira serviu de refresco para o calor que sentíamos quanto para a cabeça do líder que até o momento estava muito insatisfeito com tudo que ocorrera na noite anterior.
Ficamos por um bom momento na cachoeira que estava gelada por sinal. Tiramos algumas fotos e seguimos nosso destino. Afinal, tínhamos mais de 40 quilômetros até Paraty.
O caminho seguia por uma estrada de terra com nível pequeno de dificuldade, mesmo com alguns morros a serem conquistados. O dia estava muito bonito, o caminho bem movimentado dado as festividades e quantidade de pessoas na cidade, mas em momento algum isso foi incomodo para nós em nosso desafio.
O clima era de passeio realmente e o grupo foi divido, inconscientemente, em três. O pelotão da frente, um pelotão intermediário e um último pelotão ao final.
Criamos a seguinte regra, sem que fosse combinado na verdade. O grupo da frente sempre aguardava pela chegada do grupo intermediário antes de voltar a pedalar e sempre mantínhamos contato por rádio.
Seguimos nosso pedal e vez ou outra encontrávamos com moradores ou turistas que vinham conversar conosco e se admiravam com que estávamos fazendo. Alguns nos seguiam durante algum tempo e nos desejavam sucesso. Como é importante esse carinho que sempre recebemos por onde passamos!
Benefícios da Estrada Real
No quilômetro 11, avistamos a cachoeira do Pimenta e foi inevitável desviarmos um pouco do caminho para nos refrescarmos naquelas águas limpas e geladas.
Ficamos por algum tempo registrando aquela exuberante cachoeira, aproveitando suas águas e descansando um pouco. Porém vida de cicloviajante é muito cronometrada e não poderíamos ficar muito tempo naquele lugar paradisíaco. Saímos com destino à Paraty, na certeza de um dia voltar nesse local.
O retorno ao pedal
Iniciamos o pedal novamente pela estrada real e sempre na mesma curiosidades dos moradores e transeuntes sobre o que estávamos fazendo e se recebemos pra isso. Muito interessante como a viagem de bicicleta gera curiosidade nas pessoas e em nós causa essa grande alegria e vontade de continuar cada vez mais.
O trajeto que fizemos nessa última etapa não provê muitos locais de paradas e/ou reabastecimentos, mas é de nível fácil de realização, com poucas subidas fortes e/ou técnicas.
A viagem foi muito tranquila e ao chegarmos na parte asfaltada, resolvemos esperar para juntar todo o grupo e continuarmos a viagem juntos.
Poucos quilômetros à frente, encontramos um bar onde paramos para comprar água, lanchar e nos refrescarmos. Ficamos um tempo no bar descansando e conversando com várias pessoas que iriam participar a prova Tour de France etapa Brasil.
Continuamos pelo asfalto subindo a serra do Mar e encontramos outra cachoeira, esta pequena. Junto à essa cachoeira, havia um quiosque que vendia pastel frito e caldo de cana. O caldo de cana estava muito refrescante e é um hisotônico natural, inevitável não parar e aproveitar desse produto natural.
Desse ponto em diante o grupo se dividiu um pouco para que subíssemos em fila indiana, dado o grande número de veículos fazendo reconhecimento para o Tour de France.
Vencida a subida da Serra do Mar, chegou a hora de aproveitar a descida e chegar ao nosso destino final, a histórica Paraty.
Não foi possível avistar Paraty do mirante da Serra, dado a quantidade de neblina que estava na Serra e com isso, simplesmente, tampava a cidade.
Esse neblina abaixou consideravelmente a temperatura na Serra, chegando à apenas 12º. Com isso a descida ficou um tanto quando perigosa, pois não víamos muito mais que 5 metros à nossa frente. Mas isso não tirou o espírito aventureiro da turma que desceu com segurança, mas em velocidade alta para uma bicicleta.
Ao finalizarmos de descer a Serra, paramos para esperar que o grupo se reagrupasse para chegarmos todos juntos no Centro Histórico de Paraty.
A emoção era muito grande e algumas pessoas não se contiveram e aceleraram para chegar mais rápido, outras aproveitaram para tirar fotos e registrar mais essa emoção vivida pelo grupo que acabara de findar o segundo caminho dos quatro propostos a se fazer.
Chegamos ao Centro Histórico, registramos muitas fotos, nos cumprimentamos pelo feito realizado e confraternizamos com alegria e emoção.
Após um tempo no Centro Histórico, fomos para o hotel, onde iríamos decidir o que faríamos à noite para comemorar essa vitória.
Voltamos para o hotel e optamos por ir num restaurante próximo ao hotel para o fechamento do dia. No restaurante foram feitos os agradecimentos, pedidos de desculpas por algumas falhas, distribuição dos brindes e após o jantar, o grupo se dissipou pela cidade. Alguns foram curtir a noite da cidade, outros voltaram para o hotel onde fizemos um lual com violão, pizza e vinhos.